domingo, março 27, 2005

Caminhada em Copacabana


Posted by Hello

Caminhar em Copacabana numa tarde de sábado é uma experiência antropológica muito interessante. Mas, também, um exercício que requer paciência e destreza. Nestas épocas festivas (?), a incrível variedade de tipos humanos que povoa o lugar ganha massa, avoluma-se.
Os camelôs que disputam cada centímetro quadrado da Av. NSa. de Copacabana ganham novos companheiros, que procuram aproveitar a época para faturar alguns trocados a mais; são os trabalhadores temporários do trabalho informal! A esses, somam-se senhoras, senhores, famílias, crianças, senhoritas, pivetes etc. Gente que quer comprar, gente que quer vender para poder comprar e gente que simplesmente quer! É muita gente!
Com isso, as já costumeiras “dificuldades operacionais” (onde pisar? ooops, desculpe aí camarada, mas a pegada no paninho de prato que ficou da sola do meu sapato sai fácil.... como manter o ritmo rápido do andar quando a senhora obesa da frente pára bruscamente para ver o novo modelo de descascador de rabanetes apresentado pelo camelô? para onde ir quando uma massa de camelôs corre em sentido contrário na estreita calçada fugindo do “rapa”?) para o exercício de um prosaico passeio pela NSa. de Copacabana se acentuam. Não deixa de ser um bom treino!
A ocupação das calçadas pelos camelôs é um fenômeno socioeconômico. Óbvio! As pessoas precisam viver... Também, uma mostra clara da incapacidade (ou desistência?) da municipalidade de controlar a ocupação da via pública. Na verdade, de uma via “privadamente fatiada”.
Recordo-me de Porto Alegre. Nos últimos anos do Governo Sarney e nos “tempos colloridos”, no início dos anos 90, ocorreu a primeira grande explosão da quantidade de camelôs na Oswaldo Aranha que lembro. Morava no Bonfim, nas imediações do Parque da Redenção.
Coisas das diferenças do Brasil (da desigualdade e exclusao). Assim, tornamo-nos (quase...) todos esportistas... uns correndo para fugir do rapa, outros fazendo slalom nas calçadas (esta é a parte light do decatlon urbano brasileiro).
Na Alemanha (onde certamente o quadro não é tão crítico quanto o nosso) encontraram uma nova forma de aproveitar o excedente de gente precisando trabalhar: o leilão reverso do trabalho. Bem, a idéia já esta aí há algum tempo, para compras de todos os tipos. Como não tinham pensado nessa solução para comprar trabalho? Quando chegará aqui?
Mas e o mapa acima, o que é? Ah... esqueci de avisar: é um mapa!
Quatro lugares para tomar café em Copacabana:
[1] Santa Satisfação --> Santa Clara, entre NSa e Domingos Ferreira;
[2] The Bakers --> Santa Clara, entre NSa e Barata;
[3] Allegro (é este o nome) --> é o café da Modern Sound (Barata, quase esquina com Santa Clara);
[4] Cafeína --> Constante Ramos, entre Barata e Domingos Ferreiras.
Engraçado, esses quatro lugares estão próximos. Parece até um “arranjo produtivo local”! Eis, pois, o “cluster do café em Copacabana”!
A propósito, este blog não tem nenhum patrocínio. Mas estou aberto para negociar!
Até!